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O Gás Liquefeito de Petróleo ou GLP tem esse nome porque é resultado de um processo de liquefação que ocorre em uma refinaria de petróleo, de onde são extraídos dois hidrocarbonetos (moléculas de carbono e hidrogênio) leves, em uma mistura específica. Estes dois hidrocarbonetos são o propano e o butano, que passam por processo de compressão e sua transformação de gás em líquido é mais fácil e barata que a do gás natural. Quimicamente, o GLP é uma mistura de gases condensáveis – que podem passar ao estado líquido – e que estão presentes em pequenas quantidades no gás natural ou dissolvidos no petróleo, este último a sua principal fonte de obtenção. Tanto o propano e quanto o butano são obtidos principalmente no processo de destilação fracionada do petróleo, conforme mostrado na Figura 1:

Figura 1 – Processo de Destilação Fracionada do GLP

Fonte: Reprodução

Atingida a mistura adequada na produção do GLP, este é envasado e comercializado a granel ou em cilindros (botijões), mantido na forma líquida sob alta pressão, para facilitar o transporte. No botijão de gás, popularmente chamado de gás de cozinha, estes hidrocarbonetos estão na fase líquida. Este estado físico é mantido com a pressão a que as moléculas são submetidas no processo de compressão, em torno de 6 a 8 atmosferas. Para a armazenagem do GLP são utilizados normalmente recipientes de aço de variadas capacidades volumétricas e formatos; o formato mais comum é o de 13 quilos (botijão P13), para uso residencial. O transporte a granel de GLP tem como consumidor final o setor industrial, conforme observado pela Figura 2.

Figura 2 – Exemplo de transporte de GLP a Granel pelo Modal Rodoviário.

Fonte: Gaslog

O modelo nacional para o mercado de GLP está estabelecido em duas partes: no início da cadeia, a Petrobras é a principal supridora, seja por produção em refinarias ou importação. Na segunda parte da cadeia, está regulada a livre concorrência de distribuidores (cerca de 20) e revendedores (cerca de 70 mil). Estes competem para entregar o produto a uma ampla rede de revendedores, que por sua vez o vende ao consumidor final, seja residencial ou comercial/industrial.

O mercado de distribuição é livre, existindo aquela saudável competição entre os concorrentes. Para criar uma distribuidora basta uma autorização pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que faz a fiscalização da distribuição e revenda destes botijões de GLP para verificar se estão dentro dos padrões exigidos. A Figura 3 apresenta a cadeia nacional do GLP desde a produção e distribuição até chegar aos consumidores finais. O preço do GLP é totalmente livre nos elos da cadeia, da refinaria ao consumidor final, passando pela distribuição e revenda. Com o GLP, o mercado doméstico de distribuição é altamente capilarizado, isto é, alcança partes do brasil fora dos tradicionais centros de consumo nas nossas costas marítimas.

Figura 3 – Cadeia de Produção e Distribuição de GLP

Fonte: Elaboração CBIE

Por serem dezenas de milhares de revendedores locais, estes vendem ao consumidor residencial os botijões de 13 kg (P13), alcançando mais de 5,5 mil municípios (66 milhões de domicílios). Há uma grande confiança na segurança do botijão, ao qual a população já está acostumada, além de boa durabilidade da aquisição, evitando necessidade de trocas constantes. O brasileiro está acostumado à venda direta do GLP-P13 de porta a porta. Seu tamanho é suficiente para as demandas de residências e pequenos comércios.

Para criar uma distribuidora no Brasil é necessário conseguir uma autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nos termos das Resoluções ANP n° 49/2016 e nº 784/2019. Para a obtenção da autorização de operação, que quer abrir uma distribuidora deve protocolizar na ANP uma documentação que consiste em mais de 15 documentos com comprovantes, projetos, laudos, alvará e licença ambiental expedida pelo órgão ambiental competente.

Já para a Autorização para a Revenda de GLP, a empresa deve realizar um requerimento preenchendo Ficha Cadastral da ANP, também entregando comprovações necessárias, como um Certificado de Vistoria do Corpo de Bombeiros que aprove as instalações para revenda de GLP, indicando as áreas de armazenamento existentes no estabelecimento, indicando a quantidade equivalente de recipientes transportáveis de GLP de 13 kg.

No modelo internacional mais conhecido, dos Estados Unidos, o mercado de GLP é bem diferente do nosso caso doméstico. Por questões culturais, o consumidor americano se acostumou a utilizar fogões de cozinha elétricos, dispensando o GLP como combustível, como é o caso brasileiro. Assim, enquanto no Brasil as vendas de P13 ultrapassa os 80% do consumo nacional, nos EUA as vendas de GLP envasado por qualquer tipo de botijão são inferiores a 5%.

(Fonte: CBIE)