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O gás natural liquefeito (GNL) é a forma mais eficiente de se transportar o gás natural através de longas distâncias, como através de oceanos, por reduzir em 600 vezes o volume do energético. Para o gás natural ser exportado como GNL, existe uma frota global de navios-tanque modernos conhecidos como navios-metaneiros, conforme observado na Figura 1. Nos últimos vinte anos sua popularidade explodiu, com o mercado de GNL se transformando em uma grande oportunidade comercial globalizada.

Figura 1 – Navio Transportador de GNL (Navio-Metaneiro)

Fonte: Reprodução com tratamento CBIE

O boom do mercado de GNL ocorreu em paralelo à construção de uma infraestrutura de terminais de liquefação e regaseificação nas costas dos países, conforme observado na Figura 2, respectivamente o exportador e importador. À medida que os navios-metaneiros e os terminais de liquefação e regaseificação foram se aperfeiçoando e se tornando cada vez maiores e mais seguros, o volume transportado de GNL foi batendo recordes quase a todo ano.

Figura 2 – Terminais de liquefação e regaseificação de GNL

Fonte: Reprodução com tratamento CBIE

O crescimento constante do fluxo de comércio de GNL é decorrente de uma série de fatores, tais como expansão da tecnologia de liquefação e regaseificação, o aumento de demanda por energia mais limpa, o tamanho da frota de metaneiros de longa distância para transportar o GNL.

Atualmente, os maiores parques de plantas de liquefação de GNL se encontram no Oriente Médio, especialmente no Qatar, de onde fazem o suprimento principalmente para a Ásia. Em 2018, o Qatar exportou cerca de 20% do fluxo global de GNL. Outro importante ponto de suprimento do comércio global de GNL está na África, principalmente na Nigéria e na Argélia. Os novos terminais entrando em operação todo ano na Austrália se destacam em ter multiplicado a exportação de GNL deste país por cinco nos últimos dez anos, tornando-o um grande player na região do Pacífico Asiático, com quase 20% do fluxo global.

Outro novo player são os Estados Unidos, que com a sua revolução do shale gas estão construindo terminais de liquefação de gás para exportar o energético, seu nível de exportação em 2018 foi de 7% do fluxo global, conforme observado na Figura 3. Em 2019, os Estados Unidos e a Austrália devem continuar expandindo suas operações de exportação de GNL e a Europa deve se tornar uma grande fonte de demanda de GNL, como alternativa de suprimento gás natural aos gasodutos russos.

Figura 3 – Fluxo de Comércio Global de GNL

Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2019

Dois importantes terminais de liquefação adicionais na Austrália foram construídos recentemente, Pacific LNG e Gorgon LNG. Além destes terminais, com a maior produção entre os existentes, a Austrália pôde adicionar toneladas de GNL em exportação nos últimos anos. Os ganhos de produção nos Estados Unidos foram impulsionados por grandes projetos de expansão de terminais de liquefação do excesso de gás natural no país. Na África, a construção do projeto Moçambique Area 1 vai expandir o fluxo de GNL do sudoeste da África para a Ásia.

A Bacia do Pacífico continua a ser o principal motor do crescimento do comércio, com os fluxos de comércio intra-Pacífico atingindo um novo recorde, um conjugado da produção de GNL australiana e a demanda chinesa. A Ásia continuou a ser o impulsionador da demanda global, com a China tendo o maior crescimento anual de um único país. Entre outros países-chave que impulsionam o crescimento global do consumo de GNL incluem a Coreia do Sul, o Paquistão, a Espanha e a Turquia.

Os cinco países que mais importam GNL estão na Ásia: Japão, China, Coreia do Sul, Índia e Taiwan. A taxa de crescimento de importação de GNL da China pode fazer com que este país alcance o atual líder de importações, o Japão. De maneira significativa, a China e outros consumidores da Ásia estão importando a partir da Austrália. Vale a pena reportar o aparecimento da importação de GNL a partir dos EUA, o mesmo ocorrendo na Coreia do Sul. O GNL está se tornando cada vez mais comerciável, com importadores comprando cargas e reexportando volumes excedentes, desenvolvendo uma arbitragem de preços internacional.

O Brasil possui ainda um papel pequeno no mercado global de GNL, sendo este energético utilizado para complementar a oferta interna – cerca de 8% da nossa oferta de gás natural provém de GNL importado. A importação de GNL está associada à demanda de térmicas a gás natural que estão se tornando cada vez mais importantes na matriz energética brasileira. O Brasil possuiu por muito tempo três plantas de regaseificação de GNL, nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e Ceará, e mais de dez novos projetos estão em planejamento. O terminal de regaseificação de GNL mais recente e em processo de início de operação foi construído pela iniciativa privada no Sergipe. Talvez nem todos os projetos saiam do papel, ainda mais na medida em que a produção de gás natural-associado dos campos do pré-sal seja desenvolvida. Talvez um dia, por causa do pré-sal, o Brasil se torne um exportador de GNL.

(Fonte: CBIE)