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Neste terceiro relatório especial da CBIE Advisory trazemos nossas perspectivas para o setor energético em 2021. Seguem principais premissas:

1) Considerações socio-econômicas: estimamos crescimento do PIB de 2,7% em 2021 vs. 3,3% (Focus) e inflação IPCA de 4,5% vs. 3,87% (Focus). Nossa projeção de PIB leva em consideração que o carrego estatístico de 2020 (3,0%) será parcialmente compensado pelo desempenho da atividade ao longo do primeiro semestre, devido à diferença da velocidade de propagação do vírus com novas cepas e a velocidade de imunização da população brasileira. No caso da inflação, acreditamos que continuará pressionada devido a: (i) o repasse do aumento do custo logístico em função da pandemia de Covid-19 para mercadorias, (ii) o aumento projetado de 13,2% nas tarifas de eletricidade, (iii) o efeito do novo ciclo de commodities, (iv) a manutenção do aquecimento da atividade de construção civil, e (v) o provável acionamento de bandeiras tarifárias amarelas e vermelhas em maior número de meses em relação ao ano de 2020.

2) Perspectivas para o setor elétrico: esperamos que a retomada do consumo / atividade econômica com a manutenção de regime hidrológico adverso pressionem os preços da energia e das tarifas de eletricidade. Projetamos PLD de R$193,36/MWh em 2021 vs. R$177,1 em 2020 contra as estimativas oficiais de R$92,02/MWh. Embora racionamento físico requeira volume médio de chuva no SIN abaixo de 61,5% ao longo do ano, o racionamento econômico (reajustes consistentemente acima da inflação) deve prevalecer, com as tarifas subindo entre 11,25% e 20,16%. Sem levar em conta medidas de desoneração como a devolução do PIS e Cofins (5 anos) e efeitos da capitalização da Eletrobras (10 anos) nas tarifas. A análise da hidrologia dos últimos 20 anos com a oferta indicativa do recém aprovado PDE 2030, pressupõe que o cenário de oneração das tarifas e a dependência excessiva de variáveis exógenas na operação do sistema elétrico brasileiro irá prevalecer até o final da década.

3) Perspectivas para o setor de petróleo & gás: esperamos preços médios de petróleo Brent de US$62,50/bbl em 2021. Sendo US$60-70 no primeiro semestre e US$55-65 no segundo. Os preços do gás natural estarão normalizados entre US$3,1 a 3,3/MMBTU para Henry Hub entre 2021 e 2023. No Brasil deveremos ter preços equivalentes (FOB) na ordem de US$4,5-5,0/MMBTU. Dado que mais de 2/3 da demanda global de GNL está no lado do Pacífico, projetamos preços de equilíbrio entre US$7-10/MMBTU no médio prazo no Pacífico vs. US$5-7/MMBTU no Atlântico. Gargalos de escoamento e processamento de GN no Brasil, caso solucionados, possibilitariam o aumento de produção líquida de gás de até 21,63MM m³/dia e patamar médio de reinjeção nos campos de Búzios, Tupi e Sapinhoá de 35% vs. atuais 62%.

4) Perspectivas para o setor de combustíveis e biocombustíveis: a retomada do consumo de combustíveis vai exigir uma futura necessidade de capacidade de processamento adicional de refino de 339 a 629kbpd até o final da década. Isso equivale a 14 a 26% da capacidade atual de refino. Nossa visão para segmento de combustíveis está alinhada com países emergentes na Ásia, Oriente Médio e África. Projetamos que 22,2% e 23,5% da demanda doméstica de gasolina e diesel serão atendidas por importações até o final da década. Esperamos um crescimento nas vendas de Ciclo Otto de 3,7% em 2021 (57,1bn litros) e normalização de volumes pré-pandemia em 2023.

5) Perspectivas para o setor de açúcar e álcool: estimamos preços médios para açúcar de US$15,10c/lb em 2021, US$14,34c/lb em 2022 e US$14,12c/lb em 2023. Dado preço de equilíbrio em termos de margem EBITDA ser de US$16,76c/lb, projetamos um mix de produção menos açucareiro na safra 2021-22. A média deste ano será de 43% da produção destinada a açúcar vs. 46,2% na safra anterior. Dessa forma, o volume projetado de açúcar atinge 39,651 milhões de toneladas vs. 41,814 milhões na safra passada, e a produção de etanol de 34,0 bilhões de litros vs. 32,7 bilhões na safra anterior. Ou seja, o mix de longo prazo açúcar / álcool deverá ser 40/60.

Maiores detalhes sobre nossas projeções no corpo do documento.

Adriano Pires
Bruno Pascon
Pedro Rodrigues

 

BOA LEITURA!