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Após anos de negociações, a Petrobras obtém licença para explorar a Margem Equatorial, com expectativa de resultados em cinco meses

Logo após as primeiras perfurações bem-sucedidas na Guiana, iniciadas na década de 2010, a Margem Equatorial despertou a atenção do setor de óleo e gás (O&G) brasileiro. E bom lembrar que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizou, em 2013, a 11.ª Rodada de Licitações de Blocos para Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural, tendo a Margem Equatorial como a estrela principal, com reservas estimadas, na época, em 30 bilhões de barris de petróleo, um volume recuperável (produção efetiva) de 7,5 bilhões de barris.

Apostando no potencial da região, a TotalEnergies e a BP arremataram, em consórcio com a Petrobras, cinco blocos na Bacia do Foz do Amazonas, pelo valor total de R$ 250 milhões. Os planos das companhias, no entanto, não foram bem-sucedidos. Em 2018, o Ibama negou o licenciamento ambiental do empreendimento, configurando um dos principais obstáculos à exploração da região.

Após a recusa, a Petrobras assumiu a operação integral dos blocos, marcando a saída das multinacionais em investimentos na região. Desde então, a petroleira nacional segue negociando com o Ibama as licenças necessárias para o início das operações no local.

A sonda que fará a exploração na Margem Equatorial (Foz do rio Amazonas), a ODN II, já está posicionada, mas nem sempre o primeiro poço traz o resultado esperado Foto: Divulgação/Foresea

Com o início do Governo Lula o assunto voltou ao centro da mesa de debate. Finalmente agora, as vésperas da COP-30, vem a licença ambiental e a Petrobras que já tem uma sonda no local vai poder começar a explorar e, segundo a empresa, os primeiros resultados podem vir em cinco meses.

Vamos ver se as expectativas de grande volume de petróleo e gás se confirmam e com isso a Margem Equatorial poderá substituir o Pre sal, cuja produção começará a decrescer a partir de 2030, mantendo o Brasil como grande produtor de petróleo. A nova fronteira exploratória poderá aquecer o mercado doméstico e atrair o interesse de companhias nacionais e internacionais em futuros leilões organizados pela ANP.

A região denominada Margem Equatorial compreende uma extensão de 2,2 mil quilômetros (km) ao longo da costa entre o extremo norte do Amapá e o litoral do Rio Grande do Norte. A região é composta por cinco bacias sedimentares: Foz do Amazonas (FZA); Para-Maranhão (PAMA); Barreirinhas (BAR); Ceará (CE); e Potíguar (POT). Outro forte indício para a exploração na região é sua formação geológica, idêntica à margem oeste da África e às novas fronteiras das Guianas e do Suriname, todas localizações onde existem consideráveis jazidas de hidrocarbonetos.

A exploração e posterior produção na área trará grandes benefícios sociais e econômicos para os ‘excluídos da energia’ do Arco Norte do Brasil. Esses benefícios se traduzirão em geração de empregos, aumento da renda, crescimento do mercado desses Estados e melhoria da qualidade de vida, como pagamento de royalties, participações especiais e demais impostos.

Publicado originalmente pelo Estadão.