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Por Rafael Lemme, do CBIE.

A produção brasileira de gás natural vem crescendo de forma sólida na última década, impulsionada pelo gás extraído em campos onde há também exploração e produção de petróleo, o gás associado. A parcela desse gás tem aumentado significativamente, principalmente pela descoberta e exploração de petróleo e gás nos campos do pré-sal.

A partir dos estudos da EPE (Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2024 e 2027), é possível projetar a produção de gás natural associado e não-associado para os próximos 10 anos. Os resultados mostram que a produção pode dobrar até 2027, com mais de 75% sendo de gás associado.

Veja o gráfico abaixo:

Evolução da produção nacional de gás natural
O Futuro do Gás Natural na Matriz Brasileira

Fonte: CBIE, com base em ANP (Anuário Estatístico 2018) e EPE (PDE 2024 e PDE 2027).

Enquanto é possível prever um crescimento sustentável para o gás natural na oferta, o mesmo não se pode afirmar sobre a demanda. O mercado brasileiro ainda é bastante incipiente, com demanda total de 79 milhões de m³/dia em 2018, segundo o Boletim Mensal de Acompanhamento da Indústria de Gás Natural do Ministério de Minas e Energia, oscilando em função do acionamento das térmicas.

Já os EUA, maiores consumidores, ultrapassaram os 2 bilhões de m³/dia em 2017, segundo o Boletim Mensal de Acompanhamento da Administração de Informações de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês). Mesmo o Japão, que praticamente não produz gás natural, consome mais de 300 mil m³/dia, volume 100% importado por meio de GNL, segundo dados do Relatório Estatístico da Energia Mundial de 2018, da British Petroleum.

O Brasil participa em menos de 1% do mercado mundial de gás. Isso sem falar na nossa infraestrutura de gasodutos. Para transporte de gás natural, etapa que leva dos campos produtores às unidades de processamento de gás natural (UPGNs) para processamento, o Brasil tem apenas 2/3 da rede argentina em extensão, mesmo com 3 vezes a dimensão territorial.

Pensando na matriz energética do futuro, a tendência é de diversificação de fontes, com grande participação das renováveis, em sua maioria intermitentes. Há uma oportunidade para o gás natural atuar como energético base, garantindo o suprimento nos momentos de queda no fornecimento.

O Brasil precisa aproveitar sua diversidade de recursos, estimulando as energias renováveis (biomassa, biocombustíveis, eólica, solar e outras), de acordo com as particularidades de cada região. Ao mesmo tempo, o gás natural, atualmente restrito a 13% da oferta interna, pode ganhar mercado de outras fontes fósseis, como petróleo e carvão, que somam mais de 40% da oferta total, atuando como energético de transição para uma economia de baixo carbono.

(Fonte: CBIE)