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Em 2018, o Brasil produziu 111,9 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d), o que excluindo o consumo nas unidades de E&P, totalizou um consumo final de 98,2 milhões de m³/d, deixando o país na 27ª posição no ranking global, conforme observado na Tabela 1. Para um país com o tamanho e mercado como o Brasil, com a quinta maior população do mundo, este ainda é um consumo final não muito grande. Isto se explica em parte pela larga extensão do país e alto custo de construção gasodutos terrestres, além de uma produção relativamente incipiente. Mas com o Pré-sal é possível que o quadro mude.

 

Tabela 1 – Ranking do Consumo Final de Gás por Países

Fonte: BP Statistical Review 2019

No mesmo ano, excluindo os usos de reinjeção, as perdas e ajustes, a demanda final do mercado brasileiro de gás foi de 78,8 milhões de m³/d, sendo o setor industrial responsável por 39,8 milhões de m³/d (51% do total), a geração elétrica correspondeu 27,7 milhões de m³/d (35% do total) e o setor de transportes correspondeu a 6,1 milhões de m³/d (8% do total), sendo que os setores residencial, comercial e outros somaram os 5,3 milhões de m³/d restantes (7% do total), conforme apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 –Consumo Final Brasileiro de Gás por Setor

Fonte: Boletim Mensal de Acompanhamento da Indústria de Gás Natural, MME (2018)

A área onde existe maior possibilidade de se desenvolver adoção do gás natural é justamente no setor industrial, pois o energético é tem apenas 11% de participação na matriz doméstica, conforme Gráfico 1. Além do uso do gás para geração de calor e eletricidade, ele pode ser usado como redutor siderúrgico na fabricação de aço, para a produção de fertilizante nitrogenados ou em processos industriais que exigem a queima em contato direto com o produto final (cerâmica, vidro e cimento). Garantia de atendimento da demanda, adequação técnica e incentivos fiscais podem viabilizar a substituição de carvão, óleo combustível, lenha e outros derivados de petróleo por gás natural.

Gráfico 1 – Participação dos Energéticos no Consumo Industrial

Fonte: Balanço Energético Nacional (EPE, 2018)

Mais pra frente, é possível também um crescimento nos setores de geração elétrica com alterações na matriz elétrica para colocar geração a gás na basa e garantir segurança de suprimento durante a transição energética e a introdução de veículos movidos a GNL e do setor de transportes. No setor de transportes, o foco maior é em veículos pesados capazes de mover efetivamente os pesados tanques de GNL, nesse aspecto, destacam-se Estados Unidos e China. Na União Europeia tem um projeto chamado “LNG – Blue Corridors” que prioriza o trânsito de caminhões movidos a GNL nas estradas, como no exemplo da Figuta 1. Nos navios, destacam-se Cingapura, Holanda e Estados Unidos. A China tem tido grande crescimento previsto nos próximos anos.
Figura 1 – Exemplo de Caminhão a GNL e Posto de Abastecimento

Fonte: Balanço Energético Nacional (EPE, 2018)

O Brasil vive um momento de grande expectativa quanto ao crescimento da produção de gás natural nos próximos anos, impulsionado pela exploração de gás associado do pré-sal, conforme projetado pela Empresa de Pesquisa Energética do Ministério de Minas e Energia. O custo de extração da Petrobras no pré-sal é bastante baixo, de US$ 6 por barril, comparado aos custos de extração em outros campos offshore em águas profundas e rasas, de US$ 14 por barril e US$ 32 por barril respectivamente. Assim, tanto a Petrobras e suas parceiras quanto novos produtores no Pré-sal estão investindo muitos bilhões de dólares para expandir a produção de óleo e gás na próxima década. Transformar esta maior produção de gás em consumo final doméstico é ao mesmo tempo uma grande oportunidade e um grande desafio para o nosso país, e é o que será tratado pelo programa do governo Novo Mercado de Gás.

Gráfico 2 – Projeção da Produção de Gás Natural

Fonte: Balanço Energético Nacional (EPE, 2018)

 

(Fonte: CBIE)