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Em obras há 12 anos, os 477 quilômetros da transposição do Rio São Francisco (Figura 1) ainda não estão prontos. Prevista para ser inaugurada em 2012 e remarcada para 2016, ainda hoje a empreitada está inconclusa, e a melhor previsão de conclusão é para meados de 2020. A demora na conclusão do Eixo Norte do Projeto São Francisco se arrasta desde 2016, após diversas paralisações por problemas jurídicos com empreiteiras e dificuldade financeira. Desde então, o Governo Federal já adiou por, pelo menos, sete vezes a finalização das obras.  E o pior, o suprimento de água de maneira abundante no semiárido brasileiro ainda custará mais R$ 1,4 bilhão para ser finalizada, segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional.

Figura 1: Transposição do Rio São Francisco

Foto: Reprodução

O Projeto São Francisco é a maior obra de infraestrutura hídrica do Governo Federal, representado pelo mapa na Figura 2, com 477 quilômetros distribuídos entre os eixos Norte e Leste. O Eixo Norte engloba os estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Já no Eixo Leste, Paraíba e Pernambuco são os estados beneficiados. Os dois eixos englobam a construção de 13 aquedutos, nove estações de bombeamento, 27 reservatórios, nove subestações de 230 kW, 270 quilômetros de linhas de transmissão em alta tensão e quatro túneis (com 15 quilômetros de extensão, o túnel Cuncas I é o maior da América Latina para transporte de água).

Figura 2: Mapa dos Eixos Leste e Norte

Imagem: Reprodução

O empreendimento visa garantir água com regularidade para 12 milhões de pessoas que sofrem com a seca em 390 municípios do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, onde a estiagem é frequente (Figura 3). O tratamento e a distribuição são de responsabilidade dos governos dos estados.

A Importância do projeto se dá pelo fato de que no Nordeste estão 28% da população brasileira e apenas 3% da disponibilidade de água do País. O Rio São Francisco detém 70% de toda a oferta de água da região, historicamente submetida a ciclos de seca rigorosa.

Figura 3: A Estiagem E Os Problemas De Uma Obra Inacabada

Foto: Reprodução

O Projeto de Integração do Rio São Francisco é uma prioridade do Governo Federal. O Eixo Leste do empreendimento já beneficia mais de um milhão de pessoas nos estados de Pernambuco e Paraíba, desde 2017. Seu funcionamento evitou que a cidade paraibana de Campina Grande entrasse em colapso hídrico à época em função da maior seca já registrada nos últimos 102 anos. Ao todo, o Eixo Leste foi projetado para levar água para cerca de 4,5 milhões de pessoas em 168 municípios que sofrem com a seca prolongada em Pernambuco e na Paraíba. O trecho é composto por seis estações de bombeamento, cinco aquedutos, um túnel, uma adutora e 12 reservatórios que estão em pré-operação, a fase de verificação dessas estruturas e dos equipamentos eletromecânicos.  Atualmente, as obras do Eixo Norte, que beneficiam os estados do Ceará, Pernambuco e Paraíba, 97% estão concluídas.

Existe um plano do governo federal de que a operação e a manutenção do Projeto de Integração do Rio São Francisco possam ficar a cargo da iniciativa privada, para viabilizar um custo menor da água que chegará aos estados e à população do Nordeste. O projeto está dentro do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Dentro do Projeto de Integração, o custo para bombear as águas para os eixos Norte e Leste da Transposição do Rio São Francisco está estimado em R$ 300 milhões por ano e a privatização está projetada para trazer um investimento de R$ 15 bilhões.

A maior preocupação são os trechos de proteção inacabados e início das chuvas, que podem provocar problemas e adiar ainda mais a entrega da obra. Famílias, criações de animais e o cultivo das plantações esperam ansiosos e dependem diretamente da finalização da transposição. O risco e a solução dependem do governo, na liberação do recurso para conclusão. A previsão é de que, até abril de 2020, o bombeamento leve água até o Ceará e coloque um ponto final em toda entrega do projeto.

(Fonte: CBIE)