Bolsonaro não pode abrir mão de imposto de combustível, diz especialista
Por Carla Araújo e Hanrrikson de Andrade para o UOL.
O governo federal não tem condições de abrir mão da receita com a arrecadação de impostos federais sobre combustíveis, afirmou Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que acompanha o mercado de combustíveis há décadas. Para ele, o desafio do presidente Jair Bolsonaro aos governadores é uma “provocação certa, com uma tática errada”.
Bolsonaro disse mais cedo que vai zerar tributos federais sobre combustíveis se os governadores zerarem o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do produto. São dois os tributos federais, o PIS/Cofins e a Cide.
O governo não está em condições de abrir mão dessa receita, mas é importante que estimule os estados a mudarem a sua metodologia de preços
ICMS
Hoje, a alíquota do ICMS muda conforme o estado. Além disso, o imposto é aplicado sobre um valor médio do litro que cada estado calcula a partir de uma pesquisa em postos, feita a cada 15 dias. Por causa dessa periodicidade, a redução de preço nas refinarias pode demorar para chegar ao consumidor final.
Na avaliação de Pires, se o tributo fosse fixo, a volatilidade dos preços seria menor.
Mais cedo, Bolsonaro disse estar ciente de que os governadores são contra a ideia de mudar o ICMS porque o tributo é uma das principais fontes de receita dos estados para custear gastos diversos, com educação, saúde e segurança, por exemplo.
Para Pires, as reclamações do presidente Jair Bolsonaro de que os postos de gasolina não baixaram os preços por conta dos impostos estaduais é uma meia verdade. Ele diz que o consumidor precisa entender que “o governo não cuida do preço do pão e não cuida do preço da gasolina”.
“É um mercado livre, e essa cultura de responsabilidade dos preços se dá por anos de monopólio da Petrobras”, disse. “O consumidor tem que fazer com a gasolina o que faz com outros produtos. Tem que procurar qual posto vende mais barato e negociar”.