Brasil precisa diversificar sua matriz energética, diz Pires
O sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, diz que o projeto aprovado ontem pelos senadores que autoriza a privatização da Eletrobrás tem aspecto positivos, principalmente na diversificação das fontes na matriz energética.
Pires reconhece o contexto político difícil e polarizado que marcou a longa sessão na quinta-feira 17 de junho, mas afirma que muitos senadores procuraram apenas derrotar do presidente Jair Bolsonaro, o que ofuscou mudanças positivas do texto do relator Marcos Rogério.
Na avaliação do sócio-diretor do CBIE, há muita polêmica sobre as usinas térmicas, mas o projeto foi um avanço ao dar mais espaço à geração a gás para garantir o fornecimento de energia. “Em todo o mundo, não há como evitar o gás porque esse combustível fóssil menos poluente que o diesel e o carvão é a transição para um sistema mais limpo. No Brasil, o desafio é equilibrar a matriz que ainda é muito dependente de recursos hídricos”, afirma Pires.
A atual crise hídrica que impõe um cenário difícil para os brasileiros em 2021 e 2022 mostra, segundo Pires, a necessidade de uma matriz menos dependente da água.
Para o sócio-diretor do CBIE, a falta de chuvas também causou duas graves crises que tivemos em 2001 e 2014 e a geração com as fontes eólica e solar é intermitente. O mesmo ocorre com as hidrelétricas a fio d’água. “O risco de falta de energia pôs pressão para que o sistema seja mais confiável e as usinas térmicas têm papel importante para diversificar a matriz”, comenta.
Diferentemente da avaliação do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Pires acredita que o consumidor cativo não vai pagar contas mais caras em razão das mudanças aprovadas no Congresso porque trocaram o IGPM pelo IPCA na prorrogação do programa de incentivo às fontes alternativas de energia (Proinfa).