Fim do reajuste periódico é vitória de Castello Branco
<a href=”http://bit.ly/2wY13as”>Por André Ramalho | Do Rio para o Valor Econômico.</a>
A nova mudança na política de preços dos combustíveis da Petrobras pode ser interpretada como um movimento estratégico da estatal, depois da celebração do termo de compromisso com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para venda de oito de suas refinarias. Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, ao anunciar que não trabalhará mais com periodicidades definidas nos reajustes do diesel e gasolina, a petroleira dá, num momento oportuno, um “sinal econômico positivo” para eventuais interessados na aquisição de seus ativos de refino.
A estatal anunciou anteontem que não trabalhará mais com periodicidade definida nos reajustes de diesel e gasolina.
“Se a empresa tem liberdade para fazer a sua própria precificação, ela não pode ter uma periodicidade fixa. Com o anúncio, a Petrobras dá, em tese, um sinal de que volta à normalidade, de que tem liberdade para reajustar quando bem entender”, comenta Pires.
Ele destacou, porém, que, para de fato atrair o interesse de investidores, será preciso manter a perenidade das decisões. “Se em um mês a Petrobras mudar de novo a forma de reajustar, o esforço será em vão. Precisa de perenidade, porque temos vivido uma inconstância [na política de preços].”
A nova mudança na periodicidade dos reajustes da Petrobras é mais um novo capítulo na história recente de idas e vindas da política de preços da estatal, que já passou por quatro mudanças desde a greve dos caminhoneiros de 2018.
Ao anunciar que não trabalhará mais com periodicidade definida nos reajustes, o presidente Roberto Castello Branco chega ao ponto que desejava desde que assumiu o comando da estatal. “Não podemos estabelecer periodicidade”, afirmou o executivo em entrevista ao Valor, em fevereiro. Na
ocasião, ele defendeu que a companhia deveria realizar reajustes sempre que julgasse necessário. Na prática, porém, ele não conseguiu implementar a proposta de imediato.
A história recente da política de preços da Petrobras é de idas e vindas. Desde a greve dos caminhoneiros, em maio de 2018, já foram quatro mudanças na prática de reajustes da estatal para o diesel.
A paralisação pôs fim aos reajustes praticamente diários da gestão Pedro Parente. Na tentativa de aplacar os ânimos do movimento, a petroleira anunciou na época uma medida extraordinária, um desconto de 10% no litro do diesel e um congelamento dos preços por 15 dias. Logo depois, o então presidente Michel Temer anunciou um programa de subsídios, com desconto de R$ 0,30 nos preços na refinaria, e reajustes mensais. Foi a primeira mudança.
Na virada do ano, com o fim dos subsídios, a Petrobras voltou a ter liberdade para reajustar a qualquer momento, mas, já preocupada com a reação da opinião pública, reduziu a frequência. Com o uso de mecanismos de proteção (hedge), a estatal estabeleceu que poderia congelar os preços por até sete dias consecutivos.
A mudança mais recente ocorreu em março, em meio a rumores sobre nova greve de caminhoneiros. A empresa espaçou os reajustes e se comprometeu a manter os preços do diesel congelados por pelo menos 15 dias.
A ideia, contudo, fracassou em seu primeiro teste. Em abril, após 20 dias de preços congelados, ela elevou em 5,7% o diesel, mas o reajuste foi suspenso após intervenção do presidente Jair Bolsonaro, em episódio que gerou forte estresse no mercado.
<a href=”http://bit.ly/2wY13as”>(Fonte: Valor Econômico)</a>