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<em><a href=”http://bit.ly/2IoSzkz”>Por Redação</a></em>

PORTO ALEGRE – Não é que a decisão do presidente Jair Bolsonaro de segurar o preço do óleo diesel tenha desagradado todo mundo. A ex-presidente Dilma Rousseff parece ter gostado. Ao menos em partes. A petista classificou a decisão de Bolsonaro de “paliativa”, pois “o problema é a submissão do governo aos desígnios do ‘deus-mercado’”.

Ela aproveita o nascimento do “intervencionismo bolsonarista” para defender as decisões de seu governo sobre a estatal, aquelas mesmas que <strong>segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura</strong> fizeram a Petrobras perder R$ 71,2 bilhões entre 2011 e 2014 ao não repassar para os combustíveis o que pagava na importação de derivados.

A petista argumenta que a Associação dos Engenheiros da Petrobras afirma que “o preço de venda dos derivados sempre foi acima dos custos de produção” e que a empresa teve lucro compatíveis com outras companhias do setor durante seu governo.

“Aumentos de preços de combustíveis constantes e acima da inflação contaminam toda a cadeia produtiva, gerando colapso logístico, inflação, carestia e mais desemprego. A questão não é recuar do aumento de 5,7%. É impedir que a lógica da gestão da Petrobras seja submetida à lógica de curto prazo da especulação financeira”, afirma Dilma.

Resta agora a Bolsonaro a pergunta: ouvirá Paulo Guedes ou Dilma Rousseff?
<h6><strong>Ação de Bolsonaro</strong></h6>
Ao impedir a Petrobras de reajustar o preço do diesel nas refinarias na última quinta-feira (11), o que provocou um tombo de 8,5% das ações da companhia na sexta-feira (12), assustou investidores pela semelhança com a ingerência da gestão da ex-presidente Dilma Rousseff na estatal. Entre 2011 e 2014, preocupada com o controle da inflação, Dilma determinou que a Petrobras não repassasse para o preço dos combustíveis a alta do barril do petróleo no mercado internacional. O resultado foi um prejuízo bilionário, que custou mais à estatal que o esquema de corrupção desvendado pela Operação Lava-Jato.

<strong>Segundo cálculos do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura),</strong> a Petrobras acumulou perdas de R$ 71,2 bilhões entre 2011 e 2014 sem repassar para os preços de gasolina e diesel o que pagava na importação de derivados. Em 2015, a estatal declarou perdas de R$ 6,2 bilhões com a corrupção em seu balanço relativo ao exercício de 2014. De lá para cá, a companhia recuperou R$ 3,2 bilhões do que foi desviado e definiu um valor total de R$ 40,3 bilhões que pretende reaver. Em janeiro de 2018, a estatal ainda desembolsou US$ 2,95 bilhões (cerca de R$ 11 bilhões)  para encerrar uma ação coletiva nos Estados Unidos movida por investidores que sentiram lesados com os casos de corrupção.

“O que a Petrobras perdeu com a defasagem (no preço dos combustíveis) não se recupera”, <strong>destacou Adriano Pires, sócio da CBIE.</strong>

Nos dois anos seguintes, entre 2015 e 2016, o cenário no exterior se inverteu, com a queda do barril do petróleo, e a Petrobras acabou acumulando ganhos de cerca de R$ 31 bilhões. Até hoje a companhia não conseguiu recuperar totalmente o que perdeu no período em que foi impedida de reajustar os preços, no governo Dilma.

Na última quinta, após saber que a Petrobras havia reajustado o preço do diesel em 5,7%, Bolsonaro ligou para Roberto Castello Branco, presidente da estatal, para suspender o repasse no preço por conta de um temor de que caminhoneiros possam iniciar uma greve, como a que paralisou o país no ano passado. O executivo estava a caminho do aeroporto para participar de um evento em Chicago e se reunir com investidores em Nova York. Mas, em meio à crise, ele decidiu antecipar sua volta: em vez de passar boa parte da semana nos Estados Unidos, ele retorna ao Brasil já nesta segunda-feira (15). Já na terça-feira (16), ele vai se reunir com Bolsonaro e ministros para tratar da política de preços da estatal.

Com a interferência de Bolsonaro, as ações da Petrobras caíram 8,5% na Bolsa de Valores de São Paulo na última sexta-feira. A empresa viu ainda seu valor de mercado ter uma redução em R$ 32 bilhões em um único dia. O reajuste que a Petrobras faria seria o primeiro com base na nova política de preços para o diesel, que previa alterações a períodos não inferiores a 15 dias.

“A política de até 15 dias para o reajuste do diesel não resistiu ao primeiro estresse do preço do barril do petróleo. Acendeu um sinal amarelo. A gente não tem uma política de preços com credibilidade”, disse Helder Queiroz, ex-diretor da  Agência Nacional do Petróleo e do Instituto de Economia da UFRJ.

<em><a href=”http://bit.ly/2IoSzkz”>(Fonte: O Sul)</a></em>