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Para evitar quebradeira de empresas de petróleo, o governo americano do liberal Trump teria, na avaliação de Adriano Pires, que usar o dinheiro público

Por Matheus Leitão para a Veja.

O governo dos Estados Unidos terá possivelmente que intervir para socorrer o setor de petróleo de uma quebradeira, caso o preço do barril continue a ser negociado a preço negativo ou a zero, como ocorre nesta terça-feira (20). Quem faz a avaliação é o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.

Como explicado pela Veja nesta segunda (20), com as principais atividades econômicas do planeta paradas e, consequentemente, com a demanda pelo combustível congelada devido ao avanço da pandemia do coronavírus, a cotação da commodity do tipo West Texas Intermediate (WTI), referência no mercado americano, entrou em colapso.

O especialista em energia diz que esse tipo de intervenção do estado em um setor tão poderoso, como o de petróleo, era impensável tempos atrás. Mas agora, diante da crise, pode ser que, da mesma forma que os governos socorreram empresas aéreas, terão que resgatar a bilionária indústria do colapso.

“Agora todo mundo virou Keynesiano, até [o ministro da Economia], Paulo Guedes. E o presidente Trump, que é um liberal, terá que intervir porque abaixo do preço de US$ 30 no barril, todo mundo perde. No Brasil talvez seja necessário também, mas é preciso esperar porque o mercado aqui é totalmente diferente”, afirma Adriano Pires.

John Maynard Keynes, citado pelo por Adriano Pires, foi um economista inglês defensor do aumento dos gastos do estado para reativar a economia. Suas ideias foram usados no New Deal, esforço para reativar a economia americana após o crash de 29 – que também atingiu vários países do mundo. O pensamento de Keynes é considerado o oposto do liberal.

Os contratos para maio de petróleo já haviam sido negociado abaixo de zero no mercado americano nesta segunda (20) e nesta terça (21) os preços continuaram caindo em todos os mercados. “O custo de transportar e estocar é maior do que o valor do petróleo porque a demanda despencou”, explica.

Segundo Adriano Pires, o consumo no mundo caiu entre 20/25 milhões de barris por dia, números equivalentes ao total consumido em solo americano. É como se a atual crise tivesse tirado um Estados Unidos inteiro do mercado.

A indústria americana de petróleo cresceu muito nos últimos anos por causa da produção de petróleo não convencional, o shale, que tem um custo de extração bem maior. E que, por isso, não se sustenta com um preço abaixo de US$ 30 o barril.

(Fonte: Veja)