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Os preços do petróleo estão desabando no mercado internacional após o racha na Opep que levou a Arábia Saudita a anunciar um aumento de produção neste fim de semana. Para se ter uma ideia do tamanho da queda nos preços, as cotações na abertura do mercado na Ásia voltaram a 1991, quando teve início a Guerra do Golfo.

Olhando para o Brasil, a redução dos preços colocará o governo Bolsonaro em um dilema, segundo o consultor Adriano Pires, do CBIE. Se a Petrobras seguir a paridade internacional, terá que reduzir bruscamente o preço da gasolina e do diesel, e isso pode leva-la a ter enorme prejuízo, porque os seus custos de produção podem ser mais elevados. Isso também inviabilizará o setor de etanol, que não teria condições de competir, e a arrecadação do governo.

– É uma situação completamente anormal e eu acho que o governo terá que elevar a Cide para regular a demanda no setor. Seria bom para a União, os estados e os municípios, em termos de receita. O consumidor pode até reclamar, mas e se a Petrobras ficar inviabilizada? E se o setor de etanol quebrar? É muito pior – defende.

Segundo Pires, tudo vai depender da duração desse “choque às avessas” no mercado. Após se desentender com a Rússia, a Arábia Saudita anunciou que venderá petróleo com desconto em todo o mundo. De um lado, o setor passou a ter excesso de oferta de petróleo globalmente, e, de outro, queda da demanda, pelo coronavírus.

Aqui no Brasil, outro problema são os leilões de petróleo agendados para este ano. São pelo menos três, segundo Adriano. Ele explica que o setor pensa no longo prazo, mas diz que a redução dos preços pode afetar o apetite do investidor.

– O tamanho desse estrago vai depender do tempo de duração desse ciclo de baixa. Se é um mês, seis meses, um ano. Prejudica muita gente e muitos setores, é algo bem preocupante. As ações da Saudi Aramco, da própria Arábia Saudita e que fez IPO recentemente, estão desabando. Inviabiliza o shale gas americano e coloca em risco o pré-sal brasileiro – explicou.

Às 22h deste domingo, o preço do petróleo do tipo brent caía 20% e voltava para a casa de US$ 36. A agência Bloomberg chamava o episódio de “guerra de preços de petróleo”. O índice S&P parou de ser negociado no after Market após cair mais de 5%.

(Fonte: O Globo)