Redução na defasagem negativa entre o preço de refinaria da gasolina e do diesel
De acordo com a atualização mais recente, em 16 de agosto, o preço médio do diesel na refinaria nacional ficou em R$ 0,16/ litro (ou -5,2%) abaixo do preço no Golfo do México (EUA). O resultado deve-se a leve valorização de 0,5% no preço internacional do diesel, balanceado pela depreciação de 0,5% na taxa de câmbio (R$/US$), com relação à semana anterior (9/8). Não houve ajustes no preço doméstico do diesel na semana em análise.
Veja o histórico dos últimos 12 meses no gráfico abaixo:
O preço da gasolina doméstica ficou R$ 0,39/litro (ou -12,3%) abaixo do preço no Golfo do México (EUA), em 16 de agosto. O resultado teve influência da redução de 2,4% no preço internacional da gasolina, com relação à última semana, e da variação da taxa de câmbio, citada acima. Na semana em análise, os preços foram impactados pela alta de 3,5% anunciada em 12 de agosto.
Acompanhe a variação nos últimos 12 meses:
No período em análise, o preço do barril de petróleo tipo Brent permaneceu sob influência dos efeitos da pandemia do coronavírus (Covid-19). O agravamento mundial da variante Delta, tanto em contaminados quanto óbitos, permanece como ameaça à reativação econômica mundial. Consequentemente, o resumo mensal da Agência Internacional de Energia (AIE) revisou negativamente a demanda total de petróleo em 2021. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) manteve as projeções de consumo para 2021, contudo, ressaltou os riscos para o mercado em razão da imprevisibilidade sanitária e econômica, no final de 2021.
Altamente dependente do consumo dos Estado Unidos (EUA) e da China, o aquecimento na demanda da comodity está condicionado ao controle do COVID-19 e ao livre fluxo de pessoas e bens em ambos os países. Somada a aproximação do fim do verão no hemisfério Norte, período de maior consumo, a epidemia pode impactar severamente os preços do petróleo. Surtos e medidas de restrição social em outros pontos, como na Indonésia e Nova Zelândia, também aprofundam os temores.
Na semana em análise, a depreciação do barril de petróleo foi amortizada pelos dados positivos de empregabilidade e a desaceleração da inflação, nos EUA. A aprovação no Senado Federal do pacote trilionário de infraestrutura também corroborou para mitigar as perdas no setor. Entretanto, as incertezas quanto a uma política monetária mais restritiva do Federal Reserve (FED) preocuparam o mercado. Os dados semanais do estoque de petróleo bruto reportado pelo Departamento de Energia Americano (DoE) também decepcionaram, pois, a queda registrada de 438 mil barris foi inferior a estimativa de analistas da ordem de 600 mil.
Os dados da atividade econômica na China foram os principais contribuidores para as perdas na cotação internacional do petróleo. O maior e disperso número de contaminados tem levado o governo a endurecer as medidas de restrição social. Com efeito, bolsas em todo mundo e o preço do petróleo retrocederam, sobretudo após registro da contração da atividade industrial e das vendas no varejo chinês em julho. A interrupção parcial do segundo maior porto Chinês, o Ningbo-Zhoushan, em decorrência de surtos pontuais de COVID-19, tem piorado o gargalo no abastecimento das cadeias produtivas globais. O desabastecimento e o aumento do custo de transporte são riscos significativos para a economia mundial. Junto a queda do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, podem ser os maiores causadores do esfriamento na demanda por petróleo.
Por fim, o caos geopolítico causado pela ascensão do regime talibã no Afeganistão aumentou os temores de desabastecimento ou desestruturação produtiva do setor de óleo e gás a médio e longo prazo. O transbordamento do conflito, de movimentos fundamentalistas ou ações terroristas para a Ásia Central e o Oriente Médio podem ameaçar a produção e escoamento do petróleo para o mundo.