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O ano de 2020 está terminando ou nunca começou? O bom é que nunca tivesse iniciado ou que pudesse ser deletado. Como nada disso é possível vamos a realidade e fazer algumas constatações, análises e reflexões sobre esse ano em que o mundo ficou de cabeça para baixo.

Foto por LookerStudio/Shutterstock

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No início da pandemia, lá pelos meses de abril e maio, as previsões eram de que o PIB brasileiro iria cair uns 7% a 8%, o consumo dos combustíveis e de energia elétrica começou a despencar, e a inadimplência aumentar. As privatizações seriam novamente empurradas para frente junto com as reformas do Congresso. As consequências principais aumento do desemprego, queda na renda e o fechamento de inúmeros negócios de todos os tamanhos. Tempestade perfeita.

O que ocorreu de fato. O PIB deve cair em torno de 4% a 4,5%, o consumo de energia elétrica e dos combustíveis tiveram uma recuperação mais rápida do que todos imaginavam. Na energia elétrica tivemos preços no início da pandemia como R$50/MWh e agora já passaram os R$500 MWh e a demanda cresceu com uma retomada da economia no terceiro trimestre. Ou seja, em ano de pandemia estamos passando por um momento de medo de apagão no setor elétrico. Isso, porque o setor está refém de duas variáveis exógenas as adversidades climáticas, dado que a matriz elétrica está muito dependente de fontes intermitentes como hidrelétricas a fio de água, eólicas e solares e o crescimento econômico que no próximo ano deve voltar com a chegada das vacinas. Sem falar da governança do setor elétrico que precisa ser revista.

As privatizações continuam não ocorrendo na velocidade esperada e desejada. Isso por falta de políticas públicas, legislações e, principalmente, vontade política e determinação. Isso gera instabilidade regulatória, insegurança jurídica e, consequentemente, as privatizações continuam sendo pouco atraentes ao investidor privado nacional e estrangeiro. Basta ver como a concorrência para a compra de ativos tem sido baixa, mesmo com um dólar super valorizado. Exemplos não faltam. Na venda das refinarias da Petrobras temos, praticamente, uma empresa por refinaria. Na Bahia só apareceu o Fundo Mubadala. Nas duas melhores refinarias a venda, a do Paraná e do Rio Grande do Sul parece só haver dois interessados, a Raizen e a Ipiranga que pela regra do jogo só poderão comprar uma das duas. Ou seja, no fundo temos só uma empresa por refinaria. No caso da Gaspetro apareceram somente duas propostas e o processo aparentemente estaria suspenso devido a questões ligadas ao Termo de Compromisso de Cessação (TCC) firmado entre a Petrobras e o CADE. Nesse processo de venda da Gaspetro, também, foi veiculado na imprensa a intenção da Mitsui vender a sua parte na empresa. Ainda na área do gás natural a Petrobras comunicou o cancelamento de investimento no projeto de adequação de infraestrutura da unidade de tratamento de gás de Caraguatatuba. A decisão teria sido tomada devido a perda de atratividade econômica do projeto. Porém, isso vai significar menos gás natural no sistema e mostra que a ideia é reinjetar mais gás do pré sal e importar GNL.

No setor elétrico o apagão do Amapá reacendeu o discurso dos contrários à privatização da Eletrobras, alegando que o incidente do incêndio dos transformadores mostrou a ineficiência da administração privada e a importância de mantermos a Eletrobras estatal.

Ao contrário, é de extrema importância que o Congresso retome o projeto de privatização da Eletrobras e concomitantemente a agenda de modernização do setor. Apesar dos esforços por melhores resultados, a privatização da Eletrobras urge, diante da restrita capacidade de investimento. As seis últimas distribuidoras pertencentes à estatal, foram privatizadas em 2018, contribuindo para cessar com a sangria nos cofres da companhia.

Em 2021 precisamos apagar 2020 levantando a bandeira da privatização, que foi usada de forma correta na campanha do presidente Bolsonaro. Mas que infelizmente, por uma série de razões, tem ficado mais na retórica do que na prática. A vacina para economia brasileira voltar a crescer em 2021 é a privatização e novos investimentos, em particular, dos setores ligados a infraestrutura.

 

Fonte: Estadão