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OPEP+ foi como acabou conhecida a aliança entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outros países com grande produção de petróleo, principalmente a Rússia. A nomenclatura OPEP+ vem sendo utilizada com frequência desde 2016, quando a OPEP, em parceria com outros países não-OPEP, acordaram em limitar a produção dos países-membros em mais de 30 milhões b/d, por meio da Declaração de Cooperação. Após uma queda no final de 2014, devido à crescimento forte da produção norte-americana não-convencional no shale, o acordo OPEP+ foi um sucesso, iniciando um gradual processo de recuperação de preços, como observado no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Preço do Barril de Petróleo

Fonte: CBIE, com dados da EIA

Em 2020, houve uma disputa político-econômica na OPEP+ entre os aliados Arábia Saudita, como país representativo da OPEP, e a Rússia, segundo e terceiro maiores produtores mundiais. O contribuiu aí para falta de acordo inicial foi a estratégia geopolítica russa, interessada em acabar com a concorrência da produção norte-americana, que poderia competir ofertando petróleo em seus mercados na Europa. A não conciliação de objetivos levou a uma queda abrupta de preços em face do desmoronamento da demanda com a crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus. Se a OPEP+ tivesse agido rápido para conter a produção, talvez a queda de preços teria sido menor, ou pelo menos, amortecida.

Nos dados mais recentes, de 2019, os países membros da OPEP controlavam cerca de 35% da produção mundial, mas ofertavam quase 60% das exportações mundiais. Dos quinze maiores produtores mundiais, oito são da OPEP. Entre os países que se aliaram à OPEP em cortes de produção no passado, também se encontram outros países da lista, como a já mencionada Rússia, o México e até a Noruega.

Tabela 1 – Maiores Países Produtores de Petróleo

Fonte: BP Statistical Review 2019

Desde a criação da OPEP, na Conferência de Bagdá de 1960, esta foi uma das mais importantes organizações internacionais do setor de petróleo. A organização tinha entre seus objetivos centralizar a política petrolífera de seus países membros, os maiores produtores da época. A OPEP se opunha às grandes petroleiras multinacionais (majors), de origem nos EUA, Inglaterra e Holanda, que dominavam o mercado de petróleo global desde o final da segunda guerra.

Dos cinco membros fundadores da OPEP, quatro eram do Oriente Médio (Arábia Saudita, Irã, Iraque e Kuwait) e um da América do Sul (Venezuela). Nos anos seguintes, foram convidados mais dois países do Oriente Médio: Emirado Árabes Unidos (EAU) e Qatar. Da América do Sul, o Equador foi convidado, da Ásia, Indonésia, e da África, mais seis países: Angola, Argélia, Gabão, Guiné Equatorial, Líbia e Nigéria.

Ao finalmente restringir a oferta de petróleo no mercado internacional por meio de uma gradual nacionalização de reservas, a OPEP impulsionou os preços do barril de petróleo, gerando uma crise econômica global conhecida como Choque do Petróleo em 1973, que foi sentida fortemente nos EUA e também no nosso Brasil, países muito dependentes da importação de óleo cru. O Segundo Choque do petróleo, em 1979, incentivou os países fora da OPEP a adotarem políticas para reduzir a sua dependência de petróleo externo. No caso do Brasil, houve a introdução do Pró-Álcool e maior investimento da Petrobras no desenvolvimento da produção offshore nos anos 80.

No entanto, após a curta crise de incerteza e preços gerada pela Guerra do Golfo (1990-1991), o poder da OPEP começou a declinar com o crescimento de produção de países fora da OPEP. No final da década de 1990, o preço do petróleo estava bem reduzido. Durante a década de 2000, entretanto, o boom de demanda por commodities, incluindo o petróleo, proveniente da China, fez com o preço do barril fosse para mais de US$ 100.

(Fonte: CBIE)