Novo momento da Petrobras permitirá o pagamento de dividendos significativos nos próximos anos

Petroleira hoje exporta 30% da produção; Brasil, hoje, é o 9º produtor mundial de petróleo e caminha para a 5ª colocação
No início do ano, a Petrobras realizou um reajuste no preço do diesel vendido por suas refinarias. O combustível ficou mais de um ano sem reajustes, e a defasagem, em relação à referência internacional, vinha aumentando significativamente. Apesar de ser a maior do mercado, a petroleira não é a única fornecedora do combustível no País. Existem as refinarias privadas e as empresas importadoras, que praticam preços de acordo com a paridade de importação.
O caminho até o reajuste do diesel na refinaria Petrobras passou por reuniões com o governo e as preocupações veladas eram velhas conhecidas: a inflação e a popularidade do governo. Esta é a política que o presidente Lula chama de abrasileiramento dos preços, que substituiu a de paridade de importação.
Essa política não é nenhuma novidade e sempre esteve presente nos governos do PT. O grande momento ocorreu entre 2011 e 2015, no governo Dilma Rousseff. Naquele período, a falta da paridade de importação nos preços dos combustíveis (gasolina, diesel e GLP) resultou em perdas estimadas em R$ 90 bilhões, e no final de 2015 o endividamento líquido da empresa chegou a R$ 500 bilhões. Agora, no início de 2025, com a volta da volatilidade do preço do petróleo e do câmbio para cima, retornamos à velha e batida discussão sobre contenção e atrasos no repasse de variações dos preços internacionais ao mercado interno. Ou seja, entramos no abrasileiramento 2.0 dos preços dos combustíveis.
A grande diferença é que, ao contrário dos governos anteriores do PT, agora a Petrobras tem uma receita crescente de exportação de petróleo, que cria uma espécie de colchão permitindo que o abrasileiramento dos preços, bem como políticas de conteúdo local, como o recente lançamento da volta dos incentivos à indústria naval, não causem tantos estragos nas finanças da empresa como no passado. Aliás, essa é uma prática muito conhecida e amplamente utilizada em petroestados que utilizam suas empresas estatais para fazer toda sorte de políticas sociais e econômicas.

Política de abrasileiramento dos preços substituiu a de paridade de importação Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Hoje, a Petrobras exporta o equivalente a 30% da sua produção. A tendência é de aumento do volume de exportações com o crescimento da produção do pré-sal até 2030, e, posteriormente, com a Margem Equatorial. O petróleo fechou 2024 como o principal produto da pauta de exportações brasileiras, tomando o lugar da soja. O petróleo bruto representou 13,3% das exportações do Brasil em 2024, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O Brasil, hoje, é o 9.º produtor mundial de petróleo, caminhando para a 5.ª colocação.
Este novo momento da Petrobras, como grande exportadora, vai permitir o pagamento de dividendos significativos ao longo dos próximos anos, mantendo o mercado financeiro mais tranquilo, apesar da política de abrasileiramento dos preços e do retorno da política de conteúdo local, que tantos prejuízos deram à empresa e aos seus acionistas.