Post

O shale gas, também conhecido como gás de xisto ou folhelho, é o gás natural não-convencional encontrado dentro de rochas sólidas de xisto. O xisto é a rocha sedimentar argilosa mais abundante que existe, e em alguns casos, pode conter gás natural. No entanto, devido à sua impermeabilidade e a sua baixa porosidade, a extração do gás é feita através uma técnica mais cara e complexa do que a utilizada nos reservatórios convencionais de gás natural.

A exploração de shale gas e oil tomou força a partir de 2011. Em meio ao aumento do preço do gás e do petróleo, os Estados Unidos passaram a explorar suas reservas não convencionais, se tornando grandes produtores. Com isso, a produção americana de gás natural subiu de 1% no início dos anos 2000 para 60% em 2016 de participação na oferta doméstica. A implantação da nova tecnologia e, consequentemente, o aumento da oferta, fez com que o preço do gás natural caísse de US$ 9 por milhão de BTU para US$ 2,37 por milhões de BTU entre 2008 e 2019 nos Estados Unidos.

A grande importância das reservas de xisto é a sua ampla presença em locais onde anteriormente não havia sido encontradas reservas de gás exploráveis. Com a descoberta, alguns países passaram a ser capazes de reduzir a importação de gás natural e aumentar sua independência energética.

A produtividade desta fonte de energia costuma ser maior no primeiro ano. À medida que são feitas fraturas na rocha e o gás se torna livre e capaz de fluir, é gerado um pico de produção. Contudo, o gás que continua aprisionado acaba fluindo mais lentamente e em menor quantidade, o que faz com que haja um declínio de produção em pouco tempo. A produção dos poços de shale é capaz de cair até 40% por ano.

Apesar da importância do shale gas na matriz energética de vários países, ele possui algumas desvantagens. Devido ao seu processo de exploração complexo, a extração do shale gas gera diversos riscos ambientais, como poluição de lençóis freáticos, uso intensivo de água e liberação de metano na atmosfera. Isso ocorre, pois o fraturamento hidráulico (fracking), técnica utilizada para sua extração, envolve a mistura de água com aditivos químicos, além de areia, utilizada para evitar que as fraturas provocadas se fechem.

A primeira tentativa de extração de shale gas ocorreu no Estados Unidos em 1821. No entanto, foi só em 1920, na União Soviética, que houve a primeira exploração de shale gas como fonte energética bem-sucedida.

No início do século XXI, foram desenvolvidas e popularizadas novas técnicas de extração de shale gas, que permitiram tornar o processo economicamente viável. Apesar da tecnologia de fracking, ser aplicada desde o século 19, o seu desenvolvimento nos anos 2000, junto ao avanço de tecnologias de pressão hidrostática, tornaram o processo de exploração de xisto viável.

No Brasil, a primeira tentativa ocorreu em uma usina-piloto em Tremembé (SP), no Vale do Paraíba em 1881. No entanto, foi só em 1954, com a criação da Petrobras, que foi a criada a Superintendência de Exploração do Xisto e um projeto semi-industrial em São Mateus do Sul (PR). Contudo, a complexidade dos processos de extração fazia com que a operação tivesse alto custo e baixo retorno.

A primeira rodada licitatória para gás não convencional ocorreu em dezembro 2013, contudo, esses blocos ainda não estão em fase de exploração. Uma disputa judicial cancelou a assinatura dos contratos de concessão de diversos blocos que exploravam o gás de folhelho utilizando a técnica de fracking em Alagoas, Sergipe e Bahia.

Em 2014, uma Resolução da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) determinou parâmetros legais e técnicos para regulamentar o fracking no país. Porém, tramita na Câmara dos Deputados um Projeto de Decreto Legislativo que susta a aplicação da resolução, sob o argumento de que, apesar da relevância para o Brasil, o tema é sensível e não poderia ser resolvido por resolução da Agência.

Atualmente, o shale gas é visto como uma alternativa para reduzir a dependência no gás externo no futuro, no entanto, ainda faltam investimentos e estudos sobre o assunto. Hoje, a exploração offshore ainda é mais viável. Além disso, para que haja incentivos para o setor privado, é necessário também a criação de uma legislação e regulação sólidas sobre o assunto.

(Fonte: CBIE)